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CRÔNICA - Dia Internacional da Mulher
Na semana do Dia Internacional da Mulher há fatos novos para celebrar. O poder usa vestido e já não passa o dia sem batom. Não que seja uma verdade generalizada. Mas, ninguém poderá dizer que a frase é uma projeção futurista ou um simples exercício de retórica. Afinal, Ângela Merkel é a primeira chanceler da história da Alemanha, Ellen Johnson Sirleaf é presidente da Libéria, a primeira de um país do continente africano, e Michelle Bachelet ao presidir o Chile será a primeira mulher a governar um país de costumes tão conservadores.
Se as mulheres vivem um momento de afirmação na comunidade mundial com servidoras públicas rompendo antigos paradigmas, no Brasil, elas cada vez mais se sobressaem. Tudo bem, ainda não chegou por aqui o tempo de usar o artigo feminino antes da palavra presidente da República, mas as brasileiras estão se preparando para isso, com atuação cada vez mais qualificada seja na esfera da iniciativa privada como no dia-a-dia do setor público. A galeria de ministras de Estado que começou com Éster Ferraz (ministra da Educação no Governo João Figueiredo) já ganhou alguns nomes. A título de atualizar exemplos, somente no atual governo, estão aí Dilma Roussef, Marina Silva, Nilcéia Freire e Matilde Ribeiro. Isso é uma conquista, porque dia desses, algumas poucas décadas atrás, as mulheres ainda não votavam no Brasil.
E dentro da atividade pública, é uma conquista também o número cada vez mais expressivo de mulheres em diferentes graus da hierarquia funcional. Graças à participação feminina, a essa interação com a delicadeza, o serviço público já não é mais o mesmo.
As mulheres passaram a ter autonomia a partir da Revolução Industrial quando ingressaram na vida contemporânea pela porta das fábricas. Nesse pioneirismo deixaram de fazer parte exclusivamente do cenário doméstico. A emancipação veio sendo construída em doses homeopáticas, com muita coragem e obstinação. Tanta disposição para novos desafios continua a surpreender o universo masculino. Talvez, por isso, ainda hoje, para cada mulher moderna, viver, significa vencer etapas. Enfrentar verdadeiras revoluções no cotidiano do trabalho e da própria casa.
Ainda é prudente permanecer em vigília, tomar certo cuidado para não assustar os pares com a presença luminosa, a sensibilidade à flor da pele, a intuição aguçada, o indisfarçável senso de justiça e o teimoso bom senso. Tanto esforço, para que a dignidade seja plena entre homens e mulheres. Para que o mundo desista de motivos capazes de nos envergonhar como no caso das mulheres afegãs que não podiam rir em público sob pena de serem açoitadas. Esforço de superação para, quem sabe, o Dia Internacional da Mulher deixar de ser necessário.