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Coutinho: Brasil terá papel decisivo para o mundo sair da crise

publicado:  17/06/2009 13h25, última modificação:  13/07/2015 20h04

Brasília, 17/6/2009 – Nos próximos três anos, serão os países emergentes que ajudarão o mundo a sair da crise. E o Brasil terá papel fundamental nesse cenário, com crescimento positivo ainda em 2009 e com taxas superiores a 4%, a partir de 2010.

A previsão foi feita hoje pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho (foto), ao falar no auditório do Ministério do Planejamento durante o seminário “O Estado, as empresas estatais e a situação econômica, promovido pelo Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (Dest).

Na visão de Coutinho, as economias desenvolvidas terão uma forte recessão em 2009 e, na melhor das hipóteses, crescimento baixo em 2010. Já as economias dos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, terão crescimento positivo em 2009, embora modesto. Em 2010, segundo ele, essas economias retomarão o crescimento com força e o Brasil, por uma série de medidas adotadas nos últimos anos, tem uma das melhores situações entre os emergentes para ser um dos primeiros países a sair da crise.  

“Será a periferia que vai puxar o centro, ao contrário do que ocorreu em toda a história econômica até hoje, sintetizou o presidente do BNDES. “Os analistas econômicos não querem admitir, mas há um claro descolamento do sistema dos países em desenvolvimento com relação à economia global.
 
SOLIDEZ ECONÔMICA

Para embasar a previsão, ele enumerou uma série de fatores. O mais importante deles é que a percepção do mercado a respeito do Brasil já mudou. O Risco Brasil hoje se aproxima de níveis anteriores ao início da crise e é bem melhor do que a média dos países emergentes. Isso, segundo Coutinho, é reflexo da solidez da política econômica, com inflação baixa, mesmo com mudanças na taxa de câmbio, um sistema bancário saudável, e um setor público arrumado.

Coutinho lembrou que a queda do PIB ficou aquém das projeções que os especialistas faziam – em vez de 3% negativos, apenas -0,8%. Sua expectativa é que na virada do ano estará crescendo de 3% a 4%. E de 2009 a 2012, a economia brasileira pode crescer a taxas médias de 4%.

Coutinho enumerou uma série de razões que podem levar à retomada do crescimento: o consumo das famílias, que teve forte queda no final de 2008 em consequência da crise, voltou ao ritmo de crescimento anterior; o emprego foi pouco sacrificado, muitas empresas que dispensaram empregados viram que houve precipitação e já estão recontratando; o aumento da massa salarial foi mantido na crise e crescerá no segundo semestre.

Além disso, apesar da crise, há boas perspectivas de investimentos internacionais, principalmente nos setores de petróleo e gás; houve expansão do crédito, via bancos públicos; e existe um bloco de setores capaz de sustentar os investimentos da economia brasileira pelo menos nos níveis de 2008, de 19% do PIB, com destaque para Petróleo e Gás (Petrobras), Energia Elétrica (Eletrobras), Construção Civil (Programa Minha Casa Minha Vida), Rodovias, Telecomunicações e Saneamento.