Madri, 17/2/2009 - O forte interesse dos investidores espanhóis em participar da construção do trem de alta velocidade no Brasil ficou claro na visita do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, à Espanha.

Bernardo foi recebido na segunda-feira, (16.02) em Madri pela ministra de Fomento do país, Magdalena Arza e por dirigentes de empresas estatais responsáveis pelo planejamento, construção e administração das ferrovias espanholas. Os dois ministros conversaram sobre investimentos em infraestrutura e sobre os impactos da crise mundial. Além disso, o ministro reuniu-se com empresários na sede da SEOPAN, associação das construtoras daquele país.

Paulo Bernardo visitou duas estações e viajou no trem de alta velocidade espanhol. Segundo o ministro brasileiro, o sistema espanhol de trens é de altíssima tecnologia e atende a quase todas as regiões do país. "A Espanha, a exemplo do que ocorreu no Brasil, havia abandonado a opção ferroviária. Nos anos 80, os poucos trens de passageiros eram lentos, mal conservados e o sistema era tão desorganizado que perdeu os passageiros , pois não havia segurança de que o trem sairia no horário ou quando chegaria ao destino". Segundo ele, a Espanha fez o planejamento e muitos investimentos, tanto no sistema convencional como nos trens de alta velocidade. “O resultado é que, apenas no novo sistema, viajam mais de 14 milhões de passageiros por ano. 

"A eficiência é impressionante. Se o trem atrasa mais de trinta minutos, o usuário tem direito a viajar de graça. Em algumas linhas, o compromisso é de quinze minutos de atraso máximo. E na linha Madrid-Sevilha, se o trem sair mais de cinco minutos depois do horário, os usuários podem viajar sem pagar", relata Bernardo.

Os espanhóis também demonstraram ao ministro interesse em participar da construção da linha de alta velocidade entre Rio-São Paulo-Campinas. "Querem participar fornecendo tecnologia de construção e de administração dos trens. Também se dispõem a financiar parte do projeto". Bernardo informou que, assim que for licitado o trecho São Paulo-Rio, o governo federal pretende aprofundar os estudos para a construção de mais dois trechos: de São Paulo a Belo Horizonte e de São Paulo a Curitiba. A experiência espanhola mostra que o trem de alta velocidade é excelente opção em trechos de até 500 quilômetros, com alta demanda de passageiros.