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Integração Regional é necessária para diminuir desigualdades

publicado:  24/11/2005 06h00, última modificação:  01/03/2016 20h23

Brasília, 24/11/2005 - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou nesta quarta-feira, 23.11, no evento da IIRSA (Iniciativa para Integração da Infra-Estrutura Regional Sul-Americana), realizado no auditório do BNDES no Rio de Janeiro, que o País está pagando caro pela falta de investimentos em infra-estrutura. "O Estado brasileiro deixou de planejar para o desenvolvimento. Hoje estamos pagando um preço muito alto por isso". Ele acrescentou que o projeto de integração física dos países da América do Sul é importante para criar condições de desenvolvimento regional e diminuir as desigualdades existentes. "Se não tivermos infra-estrutura, evidentemente não teremos condições de fazer uma integração efetiva", complementou.

O ministro, em seu discurso de abertura, ressaltou a importância do evento da IIRSA para a criação da Visão Estratégica Sul-Americana (VESA) onde estarão unificados os princípios básicos e ações a serem adotadas para garantir o crescimento econômico e sustentável da região. "Nós estamos fazendo este debate de maneira aberta. Estamos dispostos a ouvir. Por esta razão, convocamos todos os segmentos para essa discussão". O seminário nacional é a primeira de uma série de quatro consultas estratégicas a serem realizadas no Brasil para formulação coletiva dessa visão. O País é o último dos 12 Estados Sul-Americanos a realizar esta etapa. A expectativa é de que as idéias estejam consolidadas no primeiro trimestre de 2006. As outras três audiências públicas serão realizadas em Campo Grande (MS), Foz do Iguaçu (PR) e Manaus (AM). Estiveram presentes no evento representantes do governo, da sociedade civil, do setor produtivo e entidades do setor de infra-estrutura.

Paulo Bernardo explicou que o governo está trabalhando com afinco para a viabilização de projetos constantes na carteira da IIRSA. "São 31 empreendimentos que foram priorizados pelos 12 países sul-americanos. A maioria com modelo de financiamento que será suportado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), CAF (Comissão Andina de Fomento) e BNDES". O ministro afirmou que o BNDES está se dedicando para viabilizar os recursos necessários para esses investimentos. Nove projetos já estão em execução, como a adequação do corredor Rio Branco-Montevideo-Colônia, a duplicação da Rodovia Mercosul Palhoça-Osório, a concessão da Rota 60 Valparaíso-Los Andes, localizados no eixo Mercosul-Chile, a construção da rodovia Pailón-Puerto Soárez, da rodovia Toledo-Pisiga e reabilitação da rodovia Colchane-Iquique, do eixo Interoceânico, a construção da rodovia Lima-Tingo Maria-Pucallpa, porto e centro logístico de Pucallpa e modernização do porto El Callao, no Eixo Amazonas, a construção da ponte sobre o Rio Acre, no eixo Peru-Brasil-Bolívia e a construção d aponte sobre o rio Itakutu, no eixo Escudo das Guianas. De acordo com os princípios orientadores definidos em agosto de 2000 na criação da IIRSA, o continente sul-americano foi estruturado em dez Eixos de Integração e Desenvolvimento (EID) que concentram fluxos de comércio atuais e potenciais.

Parceria do BNDES

A abertura do evento contou com a participação do presidente do BNDES, Guido Mantega, que defendeu a criação do bloco de países da América do Sul. Ele disse que o presidente Lula tem sido um entusiasta deste projeto. "Ele tem trabalhado muito para concretizá-lo". Mantega explicou que o BNDES participa do empreendimento da IIRSA por meio de financiamento da produção de máquinas e equipamentos para exportação. "Por exemplo, o Brasil produz as turbinas para hidrelétricas, faz o material complementar e exporta bens e serviços. Depois uma empreiteira brasileira implanta o produto lá. Isso é bom para a balança comercial, além da geração de empregos no País e fortalecimento de nossas empresas no exterior".

Guido Mantega disse que a questão do financiamento é crucial e que o BNDES tem recursos disponíveis para financiar projetos da IIRSA, mas que se limitam aos riscos dos empreendimentos de cada país. "O que se nota é que existem mais projetos que poderiam ser viabilizados e assim dar maior velocidade a essa integração. Entretanto, precisamos definir mecanismos novos para poder financiar". O presidente do banco revelou que está celebrando um convênio com a (CAF) Corporação Andina de Fomento para garantia de empréstimos, que deverá estar concretizado até o próximo dia 9, quando será realizada a próxima Cúpula dos presidentes da América do Sul. Dessa forma, o banco poderá aumentar os desembolsos. Hoje o banco possui cerca de US$ 3 bilhões em operações não contratadas. O Governo federal participa com US$ 100 milhões do capital da CAF e o BNDES deverá colocar US$ 200 milhões nos próximos anos, independente do aumento da garantia concedida pela corporação. "Um capital maior do Brasil na CAF significa duplicar a alavancagem dos empréstimos concedidos ao País".

O presidente do BNDES explicou que o banco participa de financiamentos a empreendimentos no exterior, por meio dos produtos e serviços desenvolvidos pelas empresas brasileiras, que complementam os projetos da IIRSA, como o metrô de Santiago (CH) e gasoduto na Argentina. "O ideal é que houvesse a formação de um organismo de financiamento sul-americano que viabilizasse todos os nossos projetos", finalizou.