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Avança Brasil - Jogos dos Povos Indígenas: O Brasil conhecendo o Brasil

publicado:  10/09/2002 14h54, última modificação:  01/03/2016 20h24

Brasília, 10/09/2002 - De 14 a 21 deste mês, o município turístico de Marapanim, no Pará, distante 150 quilômetros da capital, Belém, estará oferecendo ao Brasil a oportunidade de conhecer melhor expressiva parcela de sua população, através dos V Jogos dos Povos Indígenas. O evento, de modalidades típicas da etnia indígena, é bastante difundido no mundo, mas ainda pouco conhecido no país.

Os jogos de 2002, que são uma realização do Ministério do Esporte e Turismo, devem ganhar destaque espontâneo da mídia internacional, a exemplo de anos anteriores - já são inúmeros os pedidos de credenciamento para a festa brasileira considerada uma das mais tradicionais da América e a expectativa é de que os "Cara de Onça", os "Gavião ParaKateyê", o Povo Xavante ou o "Povo Krahô" novamente tenham espaço nas páginas das principais revistas européias.

Este ano, o viés mítico do Brasil, particularizado pela cultura das nações indígenas - seus rituais, sua sabedoria primitiva, sua relação harmoniosa com a natureza, entre outras virtudes pouco familiares ao homem branco que se intitula civilizado, deverá ser observado por cerca de 15 mil espectadores - público que inclui uma delegação composta por autoridades e lideranças indígenas canadenses.

Babel festiva - Os jogos serão realizados na praia do Crispim, com 16 quilômetros de extensão, onde foi instalada uma aldeia olímpica. No local serão disputadas 16 modalidades de jogos como corrida de tora, cabo de guerra, lutas corporais, canoagem, arco e flecha. A arena dos Jogos dos Povos Indígenas também será usada para difundir tradições e costumes que fazem parte do dia-a-dia nas aldeias das 215 sociedades indígenas brasileiras. Será uma torre de babel festiva, reunindo 1.100 índios representando 62 etnias e 170 idiomas falados no país.

Para o líder indígena Carlos Terena, idealizador do evento criado em 1996, os jogos nasceram de um sonho acalentado por 20 anos de difundir, além da defesa legítima das questões agrárias, o lado alegre da vida nas tribos.

"Eu queria que o Brasil pudesse conhecer o Brasil, mas acabou que minha idéia está servindo também para os índios, porque antes não havia intercâmbio entre nossos parentes", diz Terena, ao comentar que até agora, por ocasião dos encontros, os grupos se observam encantados.

"Este ano temos um problema, no bom sentido: como colocar 50 etnias para dançar em uma semana de evento" , orgulha- se o indígena, que vê no acontecimento uma forma de quebrar preconceitos. "Nós entendemos que o Xavante é Xavante, o Caiapó é Caiapó, e mesmo diferentes somos irmãos. O branco que nos conhecer de perto também passará a entender assim" , prevê ao filosofar que o preconceito é fruto do desconhecimento.

Diferentes - "Nós não temos, uma Adidas, uma Coca-Cola, querendo nos patrocinar. Não precisamos de tênis para correr. No futebol não damos medalha para o goleiro menos vazado e para o melhor artilheiro. Temos os Enauê- Enenauê que sequer usam roupas em suas apresentações. Não precisamos de pódio, não damos o caráter de vitorioso ao jogador", ressalta ele, acrescentando que nos jogos participam do bebezinho mamando ao colo da mãe, ao ancião de 70 anos ou mais.

Terena diz que os jogos indígenas são sucesso até hoje por estarem fora do padrão esporte de alto rendimento. "Somos tradicionais em tudo o que fazemos: praticando esporte, dançando, pintando o corpo". Mas enfatiza que isto não significa que os índios não respeitem outras culturas. Nas apresentações artísticas de setembro, por exemplo, a interação com a cultura do branco estará garantida: grupos de folclore do Pará vão dançar carimbó, dança típica da região.

Auto-estima - Os encontros anuais, feitos para trocar experiências, celebrar e brincar, têm sido uma injeção de auto-estima para os índios das mais diversas etnias existentes no Brasil.

Segundo o líder Terena, por influência dos jogos muito já se conseguiu avançar neste aspecto, inclusive revertendo situações de degradação de algumas tribos, onde se verificavam altos índices de suicídios e grande incidência de alcoolismo. - "Há gratidão e emocionado orgulho entre nossa gente a cada festa que realizamos".

Os Jogos dos Povos Indígenas, atendendo o que exige a Constituição, foram implementados no país com o propósito de fortalecer a identidade do homem índio e o congraçamento entre os povos. Desenvolvidos no âmbito da Secretaria Nacional dos Esportes, do Ministério do Esporte e Turismo, os jogos são uma iniciativa do Projeto Esportes de Criação Nacional com Identidade Cultural - e ação do Avança Brasil, coordenado pelo Ministério do Planejamento.

Credenciamento - Os órgãos de Comunicação interessados em credenciar profissionais para a cobertura dos Jogos devem providenciar no credenciamento até o dia 13 de setembro. O formulário de credenciamento e maiores informações estão disponíveis na página do Ministério do Esporte e Turismo, www.met.gov.br