Ser síndico não é para qualquer um. Não faltaram exemplos práticos disso no 2º Encontro de Síndicos e Conselheiros do Programa Minha Casa Minha Vida, promovido pela Caixa na capital paranaense na última sexta-feira (26). O evento reuniu 26 representantes de empreendimentos do programa de habitação no Paraná, que receberam capacitação necessária para exercer um impacto positivo nos condomínios.

Entre eles estava Sandra Nascimento dos Santos, prestes a completar dois anos como síndica do Residencial Parque Iguaçu 1, um conjunto com 416 unidades em Curitiba, destinado a famílias com renda mensal de até R$ 1,6 mil. "A minha maior dificuldade [que enfrentei] foi ensinar aos moradores a morar em condomínio, pois ninguém sabia das regras, inclusive eu. É igual a ensinar uma criança a andar", exemplifica.

Sua primeira ação foi organizar encontros com os moradores para ensinar o funcionamento do condomínio e justificar, por exemplo, a necessidade de pagar a taxa mensal. Para tanto, a própria síndica tratou de correr atrás de informação. "Se eu tenho dúvida, eu vou atrás. Procuro na internet os códigos civil e criminal, as novas leis e depois repasso para os moradores".

Uma das novidades implantadas na sua gestão foi a presença, no residencial, do Sine Móvel, uma van da prefeitura de Curitiba que oferece serviços da Secretaria do Trabalho e Emprego, como seleção para vagas e emissão de carteira de trabalho. Depois de conseguir a instalação de um ponto de ônibus próximo, Sandra agora quer criar projeto Hortas Comunitária no residencial.

"Já vi síndicos desistirem não só pela pressão, mas por não ter noção das coisas e de não saber para onde correr. Você tem que ser muito hábil, muito ágil, saber com quem conversar e saber como se organizar", conclui a síndica.

A "novata" Sintia Alves dos Santos, vigilante por profissão e síndica do Residencial Aroeira 4 há 9 meses, descobriu logo que a função vai muito além da parte burocrática. Muitos dos 600 moradores do condomínio a procuram em busca de informações sobre cursos gratuitos e vagas de emprego. "Às vezes, você tem de ajudar uma pessoa que não sabe fazer as contas dela, pois muita gente ali não sabe ler e não sabe escrever", explica ela.

Gestão sustentável

Segundo técnica social da Caixa, Cínthia Engel, a primeira edição do encontro, em 2014, fez cair a procura de apoio da Caixa na resolução dos conflitos nos condomínios. Por isso, o objetivo do segundo encontro foi qualificar síndicos e conselheiros para uma gestão mais segura e sustentável.

Um destaque foi a palestra sobre questões legais e jurídicas relacionadas ao cargo da síndica profissional e coordenadora do Conselho de Síndicos do Secovi-PR, Siomara Freitas Kaltowski. "O síndico é aquele que batalha pelo local onde mora, porém nem sempre tem todos os conhecimentos necessários. Com a informação, ele agiliza a prestação de contas e todo o resto, tornando a organização mais fácil", afirmou Siomara.

Fonte: Agência Caixa de Notícias