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Mais de três mil mulheres atuam no canteiro de obras de Belo Monte
Elas representam quase 15% do total de trabalhadores da hidrelétrica, participação cinco vezes superior à da construção civil
O paradigma de que apenas homens trabalham em obras de infraestrutura vem sendo quebrado. Prova disso é a atuação de 3.563 mulheres no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em Altamira (PA). Elas operam máquinas e comandam equipes; dirigem tratores e caminhões; trabalham no planejamento; fazem parte do setor comercial e dos diversos ramos da engenharia. Ou seja, já estão em toda a cadeia produtiva do empreendimento.
Foto: Gutemberg Cruz
Dados da concessionária Norte Energia, responsável por esta obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mostram que entre os quase 24 mil trabalhadores da hidrelétrica – considerada a maior em construção do mundo – as mulheres representam 14,8%, percentual bem mais alto do que o normalmente registrado na construção civil, de pouco mais de 3% atualmente.
Em 2012, a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) do IBGE indicou que dos 8,3 milhões de trabalhadores da construção, 97,1% eram homens e apenas 2,9% mulheres. No ano seguinte, a PNAD mostrou pequena elevação da participação feminina: os percentuais passaram a ser de 96,8% e de 3,2%, respectivamente.
A presença das mulheres na UHE Belo Monte já foi destacada até pela presidenta Dilma Rousseff.
Rayana Morena Sales tem 28 anos, é mineira, engenheira civil e uma das trabalhadoras de Belo Monte há pouco mais de dois anos. Antes ela atuava na construção de uma pequena hidrelétrica, onde era a única mulher. “Aqui a gente vê mulher desde o campo, na parte de armação, carpinteiras, e até na parte de apoio para produção, como [o setor] administrativo e comercial. Mas tem muita mulher engenheira que trabalha no planejamento, na segurança do trabalho, no meio ambiente, e na área civil, conta.
Integrante do setor de controle de qualidade do empreendimento, Rayana recebe o mesmo salário dos homens que ocupam igual posto e nunca sentiu preconceito no trabalho. “Até porque aqui tem gente de tudo que é lugar do Brasil. Então, o pessoal acaba sendo tolerante com todas as diferenças, não só de gênero, relata.
Entretanto, a engenheira assegura que as mulheres brigam mais para estar na mesma posição. “Tenho certeza que a gente é colocada a prova todo dia, porque é mulher. Isso acontece. O pessoal acaba esperando um pouco menos da gente, exigindo um pouco menos, e você tem que ficar se impondo, conclui.
A operadora de máquinas na usina de Belo Monte Edilene Costa já contou a sua história no site do PAC em 2012.
Confira como foi: