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Índios ganham sede representativa em Brasília
Brasília, 05/12/2002 - As mais de 180 etnias indígenas existentes no Brasil agora têm uma casa que as reúne e identifica. O Centro de Cultura e Convívio dos Povos Indígenas, inaugurado em Sobradinho, além de hospedar os índios, será um local de difusão de sua cultura no Distrito Federal.
O prédio, de 40.000 m2 e 1.776m2 de área construída é uma antiga aspiração da Funai, que não dispunha de estrutura adequada para prestar atendimento ao índio em sua estadia em Brasília.
Ao ato de inauguração compareceram o Ministro da Justiça, Paulo de Tarso, o Presidente da Funai, Artur Nobre Mendes, lideranças indígenas e autoridades convidadas.
A figura do índio Galdino que foi morto brutalmente enquanto dormia em uma parada de ônibus na W3 Sul, foi recordada. O índio Pataxó, vitimado pela violência do homem branco, é o exemplo mais triste que ficou das precárias condições de pensões e pousadas da W3, onde os índios permaneciam em porões insalubres e superlotados, recebendo péssima alimentação e expostos a todos os perigos da rua, inclusive acidentes de trânsito.
Para a universitária Rosane Kaigang, da reserva indígena de Passo Double, no Rio Grande do Sul, a nova casa é motivo de felicidade para os índios que terão toda a segurança de que precisam, liberdade para conviver entre si, com opções culturais e de lazer e podendo solucionar assuntos de seu interesse com a Funai num espaço de tempo muito menor.
"Os índios vão ser tratados com dignidade. Serão feitas triagens para que possam ir até a sede da Funai já com hora marcada para suas audiências", diz Rosane, já comemorando o fim das longas esperas pelos corredores do órgão.
A representante indígena explica que a distância entre a cidade-satélite de Sobradinho e o Plano Piloto não será problema, pois de carro o tempo gasto no percurso é de apenas 25 minutos. Os índios terão um carro pequeno, uma caminhonete van e um microônibus para transportá-los.
No Centro de Convívio terão acompanhamento integral de funcionários da Funai, além de se manterem ocupados com palestras, seminários e treinamentos. Na opinião do índio Payê, da etnia Xingu, do Mato Grosso do Sul, este tipo de acompanhamento só fortalecerá a auto-estima de seu povo.
Payê também concorda sobre a precariedade dos alojamentos na W3 Sul e elogia o novo local como "verdadeiramente adequado para receber lideranças indígenas, com o respeito que merecem".
Além de hospedar a população indígena, o Centro estará aberto à comunidade, oferecendo biblioteca e museu, comércio de artesanato, e cursos livres para não indígenas.
A implantação estava prevista no elenco de ações do Plano Avança Brasil e sua concretização pela Funai teve o apoio do Ministério da Justiça.