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Avança Brasil - Parceria com Petrobrás garante projeto contra violência doméstica em Recife

publicado:  27/06/2002 13h53, última modificação:  01/03/2016 20h23

Brasília, 27/06/2002 - A violência escolar é a violência doméstica que migra para a escola. A constatação está permitindo que famílias com histórico de maus tratos contra menores em Pernambuco sejam priorizadas no atendimento antes direcionado apenas para os alunos.

A conduta inovadora - de tratamento a familiares agressores - é do Projeto Atos - Atendimento Terapêutico e Orientação Social, desenvolvido pela ONG Tortura Nunca Mais, responsável no Estado pelo Programa Paz nas Escolas, do Plano Avança Brasil, coordenado pelo Ministério do Planejamento.

Desde a implantação, em 2001, até o momento, o projeto já beneficiou cerca de 200 famílias. A meta é atender 50 pais ou mães por mês em cada uma das oito escolas beneficiadas.

O Projeto Atos tem parceria com a Petrobrás e beneficia cidades como Recife, Cabo de Santo Agostinho, Goiana e Ipojuca. Para a ação terapêutica que dá suporte ao Programa Paz nas Escolas, cada município recebe da Petrobrás de R$ 25 mil a R$ 37.500. O convênio tem a duração de seis meses com possibilidade de renovação a cada término de contrato.

O trabalho da equipe de psicoterapia - 10 pessoas entre assistentes sociais, psicólogos e estagiários do último período de Psicologia - tem o apoio da Universidade de Recife, conselhos municipais, professores, lideranças das comunidades e agentes comunitários de saúde.

A melhoria da auto-estima dos assistidos está sendo uma fonte de incentivo para a continuidade do projeto Atos, garante sua coordenadora, a psicóloga Mônica Alves Guarines. Ela aposta em resultados ainda mais promissores para o futuro, com base no conhecimento que tem dos casos e nos relatos apresentados.

Um dos alvos do projeto é o bairro do Ibura, um dos mais violentos de Recife. Segundo a psicóloga, na escola municipal atendida existem 2.500 alunos de um universo de cerca de 800 famílias - neste contexto são graves os problemas de violência e drogas. Foram 43 casos registrados no ano passado. Mesmo assim há progressos, afirma.

Ela explica que além da assistência dada aos pais em locais como igrejas e centros comunitários, também o ambiente escolar passa a ser trabalhado em favor de crianças e jovens vítimas da violência familiar. "O Atos realiza dinâmicas de sensibilização do porteiro ao professor, ao coordenador e em alguns casos até ao diretor", acrescenta.

Para Mônica são procedimentos naturais e lógicos, de resgate de humanidade mesmo. No caso dos pais agressores o que estamos fazendo é apresentando um modelo de amor. Falar olhando nos olhos dessas pessoas é novidade para elas, que vivem num estágio além da violência, o da desesperança - observa a coordenadora do projeto.

"A mãe que se acalma consegue olhar o filho nos olhos; aprende a fazer isso. E com a mãe mais centrada, mais serena, o filho também se acalma", garante, reportando-se a alunos com dificuldades de aprendizagem e de relacionamento, hoje parecendo "anestesiados" para alguns professores surpresos com o bom comportamento em sala de aula.

Para exemplificar um dos vários casos de sucesso do projeto, Mônica Guarines cita a história de vida de uma mãe alcoólatra de Recife. Ela dormia no sofá com dois dos sete filhos; os outros cinco dividiam uma única cama de solteiro. Influenciada pelo projeto, em agosto de 2001 parou de beber e arrumou emprego. Meses depois demonstrava ser outra pessoa: comprou um guarda-roupa, um beliche e uma mesa para os filhos estudarem. "Descobri que eu posso viver", disse orgulhosa de si mesma aos amigos do Projeto Atos.