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Estratégia da política de software livre no governo federal

publicado:  16/04/2015 18h19, última modificação:  16/04/2015 18h19

Brasília, 19/12/2005 - A implantação do software livre precisa começar pelos servidores de rede, onde há o maior gasto com o pagamento de licenças de softwares proprietários, e pela disseminação do conhecimento primeiramente entre os analistas e técnicos de informática.

A afirmação é do secretário de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento e secretário executivo do Governo Eletrônico Brasileiro, Rogério Santanna.

Na sua opinião, somente depois de difundida a cultura do software livre nos órgãos é que ele deve ser estendido às estações de trabalho evitando atrasos no atendimento que costumam irritar e gerar resistências no usuário final.

“Não há como fazer essa mudança sem envolver os agentes de mudança que são os técnicos encarregados por executá-las, mas não podemos sobrecarregá-los quando ainda não estão plenamente capacitados para oferecer um suporte ágil às demandas que usualmente ocorrem em processos dessa magnitude”, disse Santanna.

Conforme Santanna, a estratégia de implementação do software livre não pode restringir-se à migração das estações de trabalho. Na sua opinião, a criação de soluções inovadoras livres para serem aplicadas nos servidores de rede do governo é fundamental para reduzir a dependência tecnológica.

Esses servidores, que em sua grande maioria utilizam softwares com licenças proprietárias, armazenam bancos de dados e dão suporte ao correio eletrônico e ao funcionamento da rede, entre outras informações.

Nesse sentido, a SLTI desenvolveu arquiteturas que utilizam hardware comoditizado baseadas em computação em grades (grids) e clusters. O secretário explicou que grid é uma a rquitetura de computação distribuída para o compartilhamento de recursos que possibilita aproveitar capacidades ociosas e cluster é um s istema que compreende dois ou mais computadores ou sistemas que trabalham em conjunto para executar aplicações ou realizar outras tarefas.

Além de reduzir custos, o desenvolvimento dessa infra-estrutura de computação de alto desempenho possibilitará, por exemplo, a limpeza de cadastros sociais do governo, prevista para começar no próximo ano. A tecnologia de grids e clusters nasceu nos grandes centros de tecnologia do mundo, destacou Santanna. A utilização do software livre na computação de alto desempenho promove uma grande redução de custos.

Cacic

O governo federal também disponibilizou para a sociedade o Configurador Automático e Coletor de Informações Computacionais (Cacic), um software livre com licença GPL que possibilita o levantamento de diversas informações sobre o hardware e o software das estações de trabalho.

De acordo com Santanna, esse é o primeiro software livre desenvolvido no mundo com essas características. Desenvolvida pela Dataprev, a SLTI disponibilizou a ferramenta para a sociedade no primeiro semestre desse ano. Governos da Argentina e da Venezuela também estão utilizando a ferramenta.

Essa iniciativa inaugura a disponibilização de softwares livres desenvolvidos pelo Governo, contribuindo para a sua disseminação nas mais diferentes esferas da sociedade, disse o secretário. Formada nesse ano, a comunidade Cacic conta com mais de três mil integrantes entre usuários, desenvolvedores e pessoas que dão suporte à ferramenta.

Guia Livre

Outro ponto destacado pelo secretário Rogério Santanna é o Guia de Migração para Software Livre, o primeiro no mundo desenvolvimento por um governo. O documento que acabou de ganhar uma versão, contribui com o processo de migração dos diferentes órgãos dos governos federal, estaduais e municipais, empresas e terceiro setor, entre outros. O Guia Livre conta com mais de 50 mil dowloads e é usado como referência pelos governos do estado de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. Mais de duas mil cópias do documento também já foram distribuídas.

Capacitação

Uma pesquisa aplicada pela SLTI em setembro desse ano junto a 210 profissionais da área de tecnologia da informação do governo federal, mostrou que a grande dificuldade para a migração é a falta de capacitação de usuários e técnicos, conforme responderam  34% dos entrevistados. Em segundo lugar, com 19%, aparece a aceitação do usuário e apenas em quarto lugar, com 16%, o item recursos financeiros é apontado como um empecilho para a migração. Esses dados confirmam que a grande dificuldade para a migração não está atrelada à falta de recursos, salientou Santanna. A pesquisa também mostrou que 80% dos entrevistados afirmaram que as suas respectivas instituições realizam algum processo de migração para software livre e a metade desse percentual informou que os sistemas estão estáveis operacionalmente.